terça-feira, 30 de junho de 2009

Fim da era Michael Jackson marca a “prova dos 9" do conceito da “Cauda Longa”

Jackson I

Segundo Chris Anderson, a era de ouro do “Big Hits” terminou assim que a web multimídia se consolidou e passou a atender as massas de forma individualizada. Ao postular o conceito da “Cauda Longa”, Anderson demonstrou que a soma demanda gerada pelos produtos de nicho é igual à gerada pelos produtos de sucesso.

A teoria da Cauda Longa diz que nossa cultura e economia estão migrando do foco em um relativo pequeno número de “hits" (produtos que vendem muito no grande mercado) no topo da curva de demanda, para um grande número de nichos na “cauda” da curva. Como o custo de produção e distribuição caiu, especialmente nas transações online, agora é menos necessário massificar produtos em um único formato e tamanho para consumidores.

Em uma era sem problema de espaço nas prateleiras e sem gargalos de distribuição, produtos e serviços segmentados podem ser economicamente tão atrativos quanto produtos de massa.

Cauda LongaAssim, a morte de Michael Jackson, último grande “block buster” da música pop, coloca definitivamente à prova o conceito da Cauda Longa, que será comprovada caso realmente não exista mais espaço para o surgimento de outro fenômeno de consumo daqui para frente.

A revolução que o fim da era Michael Jackson gerou na Internet, sinaliza de maneira contundente a importância que esta mídia alcançou no cenário musical, pois, no dia de sua morte, o Torrent com toda discografia do cantor contava com 117 usuários ativos, compartilhando um arquivo musical com aproximadamente 02 GB. Em menos de 24 horas, o número subiu para 16.184 usuários ativos. Durante o dia seguinte ainda presenciou-se o surgimento de outros quatro novos arquivos com toda discografia do cantor - um deles, MP3 ‘DeLuxe Edition’ tinha quase 07 GB.

Em menos de seis horas, seu nome apareceu no topo das buscas de agregadores de blogs de MP3 (como o Hype Machine), de redes sociais (como a Last.fm) e de lojas online (como a Amazon e iTunes). Na Amazon, o rei do pop conseguiu mais um feito espetacular, mesmo depois de morto. Nada menos do que 18 discos entre os mais vendidos da loja eram ou do cantor ou de sua banda com seus irmãos, o Jackson 5.

A notícia mexeu com a Internet de forma ainda mais brusca: não bastasse ter derrubado os servidores do Twitter no breve intervalo entre o anúncio de que Michael estava sendo transportado para um hospital em uma ambulância e a confirmação de sua morte, a rede social tornou-se o principal canal para saber o que estava acontecendo com o cantor. Todos linkavam todos e logo que sua morte foi confirmada, Michael Jackson dominou nove dos 10 tópicos de discussão do dia - na décima posição, a pantera Farrah Fawcett, que também morreu no mesmo dia. Foi o suficiente para que o Twitter não suportasse a quantidade de acessos.

Não foi só o Twitter. Segundo Shawn White, diretor de operações da Keynote System, empresa que monitora o tráfego na web, "a velocidade média de download em sites de notícias dobrou de menos de quatro segundo para quase nove segundos", disse em entrevista à BBC.

Por mais que as versões digitais ou mesmo os discos em si - sejam CDs ou vinis - possam dar uma idéia do impacto da notícia da última quinta-feira, ela é certamente infinitamente menor do que os milhões de MP3 trocados e baixados de forma ilegal.

Artista com 750 milhões de discos vendidos em seus 45 anos de carreira, Michael Jackson foi, durante pelo menos dez anos, o rei do pop. Como Elvis Presley antes dele, fez parte de um movimento que alavancou não apenas gerações de novos artistas, mas também vendas de discos. Com sua morte, muitos levantaram a inevitável dúvida que sucede a morte de qualquer astro: e quem será o próximo rei?

Ninguém, se Crhis Anderson estiver certo.

A música, da mesma forma que aconteceu com tudo depois da Internet, saiu da mão de algumas dezenas de artistas e centenas de executivos para alimentar gratuitamente nichos infinitos.

Michael Jackson é sinônimo de uma época em que o sucesso de um artista era medido em discos vendidos - uma era que metaforicamente morre junto com ele.

Números

clip_image00102 vezes mais tweets por segundo. Assim que a morte de Michael Jackson foi anunciada, o número de mensagens no serviço dobrou, segundo Biz Stone, co-fundador do site.

clip_image001[1]22,61% de todas as mensagens trocadas no serviço, na hora que a morte foi confirmada, eram sobre o astro.

clip_image001[2]40.000 vezes a cada hora. Foi o número de vezes que foram reproduzidas, na Last.fm, músicas de Michael Jackson, na manhã da sexta, dia seguinte à morte.

clip_image001[3]11% foi o aumento de acessos à Internet nos EUA para saber informações sobre a morte.

Fontes: Livro “A Cauda Londa” e O Estado de São Paulo

2 comentários:

Anônimo disse...

sugiro ler o livro antes de escrever besteira

Gerson Rolim disse...

Prezado leitor Anônimo, antes de mais nada agradeço imensamente a sua leitura de meus alfarrábios e a pertinência de seu comentário.
Na verdade, li o livro “A Cauda Longa” assim que foi lançado. Por sinal, trata-se de uma excelente leitura, que recomendo a todos.
Todavia, uma vez que continuo com o entendimento de que Chris Anderson se referiu à extinção dos hits em seu livro (p.e.: nosso saudoso Michael), espero receber ao menos mais um comentário seu, esclarecendo seu ponto de vista antagônico.
Cordialmente,
Gerson