1) Quais foram as novidades no setor de e-commerce no
último ano? E os desafios/dificuldades?
Nos últimos 18 a 24 meses
temos percebido um grande afã hiper regulador, no cenário do ecommerce, nas
três esferas de governo, o que normalmente dificulta as atividades da
iniciativa privada, independentemente do setor ou do país. Esta questão,
atrelada à já antiga grande carga tributária e ao aumento dos custos logísticos
de nosso país de dimensões continentais têm sido os grandes vilões da
atualidade.
2) Qual a representatividade desse canal no mercado
de varejo nacional? E no internacional?
O faturamento do Varejo Offline brasileiro em 2014 foi de
R$ 386,2 bilhões, enquanto o Varejo Online foi de R$ 35,8 bilhões, ou
seja, o eCommerce representa, em termos de faturamento, aproximadamente
9,3% do faturamento total do Varejo.
Com relação
à comparação com o resto do mundo, a América Latina representa 8% da quantidade
de usuários de internet do mundo e o Brasil representa 35% da população online
latino-americana. No ranking por países, o Brasil tem a 4a. maior quantidade de
internautas do mundo, com mais de 108 milhões de usuários de internet (fonte: eMarketer).
O Brasil tem
dois Varejistas Online entre os 50 maiores ecommerces do mundo, segundo
pesquisa da Deloitte, de jan/14:
1) Amazon –
EUA – US$ 51,7 bilhões
2) Apple.inc
– EUA – US$ 8,6 bilhões
3) Wal-Mart
– EUA – US$ 7,5 bilhões
5) Beijing Jingdong
Century Trading – China – US$ 6,66 bilhões
7) Liberty
Interactive – EUA – US$ 4,39 bilhões
8) Dell.inc
– EUA – US$ 4,37 bilhões
9) Casino –
França – US$ 3,42 bilhões
10) Jia.com – China –
US$ 3,2 bilhões
3) Comprar pelo site e retirar o produto em lojas
físicas é uma nova tendência? Qual a vantagem desse modelo? Por que mais
empresas têm buscado adotar esse modelo?
Esta prática é uma
tendência por duas principais razões, quais sejam:
a) A logística de entrega
e recolhimento (devolução) de produtos está cada vez mais cara e complexa,
especificamente nos grandes centros econômicos, por diversas razões, que vão desde
o aumento exponencial do trânsito até a publicação de leis de resultado
positivo duvidoso tanto para o consumidor, quanto e principalmente para o
varejista, como a lei de entrega com hora marcada.
b) Uma vez que o
consumidor vai até a loja retirar seu produto, minimiza-se a chance de levar um
produto com características diferentes das quais solicitou, além de aumentar a
chance de o mesmo efetuar a compra de outros produtos e ampliar o ticket médio
da transação como um todo.
4) A chegada da Amazon trouxe alguma mudança para o
mercado brasileiro de e-commerce?
O impacto da chagada da
Amazon ainda é pequeno, pois a gigante do ecommerce aparentemente ainda não
operando com força total no varejo online brasileiro. Vemos uma atuação
bastante consistente no provimento de Cloud Computing, por meio de seu braço de
banda larga, a AWS (Amazon Web Services), que já se posiciona como um do
líderes no setor no Brasil, mas quando olhamos para a operação de ecommerce,
entendemos que ainda está no início.
Todavia, a simples notícia
de que a Amazon aportaria no Brasil já fez com que gigantes do ecommerce
brasileiro se reposicionassem, como é o caso de grandes operações que hoje
oferecem serviços de marketplace, possivelmente se preparando para a competição
com a bem sucedida operação de marketplace da Amazon nos Estados Unidos.
5) Quais serão as tendências para os próximos anos? E
os principais desafios?
As principais tendências
futuras do eCommerce são: m-Commerce e Comércio Eletrônico Cross-Border.
a) m-Commerce:
O comércio online móvel traça uma linha crescente de adesão a cada ano, com
o aumento do uso dos dispositivos móveis e as lojas virtuais se
preparando para remodelar o layout de seus sites, para que se adaptem às
funcionalidades de uma tela menor. Assim, cada vez mais pessoas irão aproveitar a
praticidade de realizar compras com menos cliques, a qualquer hora e em
qualquer lugar.
b) Comércio Eletrônico
Cross-Border:
Percebe-se no Brasil um
considerável crescimento da proporção do público que efetuou compras em
sites internacionais: Assim, de 3 em cada 10 e-consumidores brasileiros
(janeiro/2014) para 4 em cada 10 (dezembro/2014).
Outra informação
interessante é que os sites chineses ocuparam um espaço muito
significativo nas compras em sites internacionais, sendo escolhidos
por 55% dos entrevistados em sua última compra.
Os sites internacionais
mais utilizados pelos brasileiros: AliExpress, eBay, Amazon.com,
DealExtreme (dx.com)
e MiniInTheBox, para apontar os cinco primeiros. De 20 sites mais
utilizados, 12 são chineses e, neste
último ano, houve um avanço acentuado do AliExpress.
Ademais, o preço mais
baixo é a principal razão que motiva os brasileiros a realizarem compras
em sites internacionais. E ele atrai cada vez mais pessoas, já que 8
em cada 10 e-consumidores afirmaram comprar nessas lojas virtuais por
este motivo.
Por fim, no front dos
desafios, creio que o endividamento das classes C, D e E, além do possível aumento
do desemprego em nosso país pode ser uma barreira a ser enfrentada nos próximos
meses, não apenas para o ecommerce...