quinta-feira, 13 de junho de 2019

Chegada do 5G ao Brasil dá novo fôlego para as operadores móveis virtuais (MVNO)

Operadoras Móveis Virtuais (MVNO) atendem público específico em locais nos quais as grandes teles não têm interesse
MVNO - Mobile Virtual Network Operator

Segmento das MVNO foi revitalizado pela oferta de serviços voltados para a conexão de objetos, a chamada Internet das Coisas
A expectativa da chegada da rede 5G em 2020 ao país dá novo fôlego para as Operadoras Móveis Virtuais (MVNO). Estas empresas alugam a infraestrutura das grandes teles para oferecer serviços de telecomunicações. Até há pouco, elas basicamente vendiam linhas de celular para pessoa física, num modelo de negócios que enfrentou dificuldade para deslanchar. O segmento, criado há dez anos, porém, foi revitalizado pela oferta de serviços voltados para a conexão de objetos, a chamada Internet das Coisas (IoT, na sigla em inglês). Com um leque amplo, que vai de carros a soluções para segurança e agronegócio, o Brasil já conta com 25 empresas, das quais ao menos 15 começaram a funcionar há pouco mais de um ano.
A aplicação do serviço é variada. No campo, já há casos de chips instalados em vacas, que geram milhares de dados por dia, e vão desde a temperatura corporal até o número de passos. As informações são enviadas a laboratórios e empresas de análise.
O avanço do segmento representa fonte de receita extra para teles, como Claro, Oi, TIM  e Vivo. Segundo a consultoria Teleco, já são 1,2 milhão de conexões (chips) providos pelas MVNO, o dobro de dois anos atrás. Deste total, 70% são relacionados à IoT. O segmento oferece serviço a público específico em locais nos quais as grandes teles não têm interesse.
De time de futebol a igrejas
O Brasil ocupa o 15º lugar entre os países com maior número de Operadoras Móveis Virtuais (MVNO). A Alemanha é a líder, com 115 empresas. Os EUA aparecem em seguida, com 85. A China é a terceira colocada, com 70.
— Há múltiplas possibilidades de negócio — afirma Abraão Albino, superintendente de Competição da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), destacando que o aumento ocorre porque as telecomunicações tendem a se fundir com outras indústrias.
A Vivo já assinou contrato com oito operadoras móveis virtuais, das quais três estão em operação. Para o segundo semestre, outras três começam a funcionar.
Francisco Soares, diretor de Relações Governamentais da Qualcomm, lembra que um fator positivo é que o governo vai disponibilizar diversas faixas para o 5G, o que vai permitir às companhias explorar diferentes serviços, como os que exigem maior capacidade de tráfego ou menor demora para conexão. De olho nisso, a empresa está construindo uma fábrica em São Paulo para produzir plataformas que vão integrar o sistema da IoT. O investimento será de US$ 200 milhões em cinco anos.
A NLT, Next Level Telecom, acabou de lançar suas operações e mira os setores de saúde, agronegócio e cidades inteligentes. A meta é investir R$ 50 milhões em cinco anos. Segundo Adalmir Assef, presidente da NLT, o foco é contribuir para aumentar a produtividade das empresas.
A Surf Telecom usa a rede da TIM e da Algar e gerencia a rede de outras operadoras móveis virtuais. Em sua base estão operações de times de futebol, de igrejas e dos Correios. Com dez contratos em funcionamento, o fundador Yon Moreira avalia que a tendência é de crescimento do mercado com o 5G:
— Compramos frequências específicas em São Paulo, que podem ser usadas em aplicações quando a quinta geração estiver disponível.
De olho na conexão de máquinas, a Vecto Mobile busca criar soluções para a indústria automobilística. Segundo Gerson Rolim, diretor de Inovação da Vecto, a companhia vende produtos de rastreamento e já iniciou testes com montadoras para usar a conexão do carro a fim de exibir vídeos ou qualquer outro conteúdo na internet:
— A internet das coisas é a grande oportunidade para as Operadoras Móveis Virtuais (MVNO). É um mercado cinco vezes maior que o de internet para as pessoas. A meta para 2019 é aumentar em 300% o número de clientes, hoje de cem mil.
A WND, operadora que atua na IoT e está construindo sua própria rede, avalia que a maior concorrência no segmento já era esperada:
— Cada solução vai exigir rede específica. Há crescimento grande em soluções para empresas de energia, rastreamento e saúde — diz Eduardo Ilha, diretor de Negócios da WND.
Por Bruno Rosa do "O Globo"
https://oglobo.globo.com/economia/chegada-do-5g-ao-brasil-da-novo-folego-para-as-operadores-moveis-virtuais-23711186