domingo, 8 de junho de 2008

As Viúvas do iPhone

Sou casada com um profissional de TI. No Natal de 2007 ele me pediu um iPhone de presente. Não vi nenhum problema. O argumento era válido: todos os amigos já tinham e ele estava se sentindo excluído.

Se eu tivesse a mínima noção do que estaria por vir, teria pensado duas vezes antes de comprar o presente de Natal.

Assim, para que outras esposas, noivas, namoradas e afins não caiam na mesma cilada, seguem as fases do "Ciclo de Evolução do Relacionamento dos Homens e seus iPhones":

Fase1: ele ainda não sabe direito o que é, nem as potencialidades, mas adoram exibir o “brinquedo novo”. São garotos grandes, com brinquedos caros. O passatempo é mostrar para todo mundo que ele tem um iPhone. Nessa fase, eles gostam de contar vantagem sobre a versão do firmware e o método de desbloqueio.

Fase 2: ele descobriu o programa “installer” e a rede wi-fi. A novidade é o roll de programas novos que ele instalou, coisas como a calculadora financeira da HP, as várias versões do Money, os jogos, etc. Nessa fase, o
grande lance é comparar com os amigos quem tem mais novidades.

Fase 3: ele entrou na Internet e descobriu comunidades do Orkut e fóruns de discussão dos proprietários de iPhone. Apesar de ainda ser bloqueado no Brasil, já existem milhares de usuários, a última estimativa sugere contarmos com mais de 100 mil “iPhones brasileiros”. Nessa fase, a diversão é tirar onda com os usuários de blackberry, HTC e N95, comparando as potencialidades. Vale todo tipo de piada. A mais comum é que a única funcionalidade do N95 é ser GPS do iPhone.

Fase 4: ele viciou no brinquedo. A antiga leitura impressa de jornais e revistas, utilizadas principalmente no banheiro, é substituída pelo iPhone. O brinquedo se torna inseparável. A grande vantagem é que podemos levar o marido a qualquer lugar, desde que exista uma rede wi-fi aberta. Por exemplo, as horas intermináveis no shopping passam a ser suportadas com bom humor, sem reclamação, sentado num banquinho qualquer, lendo RSSs, Blogs e navegando na Internet através de seu iPhone. Até acompanhar a esposa no salão de beleza ou supermercado se torna agradável. Uma vantagem: aquelas mulheres “gostosonas” podem passar na frente dele mil vezes que ele nem vai notar, pois seus olhos não desgrudam do aparelhinho.

Fase 5: ele virou usuário das funcionalidades. A agenda de contatos e compromissos está no iPhone. Todos os e-mails e documentos importantes. O expediente é estendido para a casa. O telefone vai junto até pra cama: ele assume o lugar do despertador, com música personalizada. Nessa fase, o marido se torna membro ativo da comunidade e passa a solucionar problemas de usuários inexperientes. Ele é “expert” em atualizar e desbloquear novas versões do firmware e a emular outros sistemas operacionais, tais como Unix (BSD). A nova diversão é saber quem desbloqueou a maior quantidade de iPhones de amigos menos entendidos.

Fase 6: O “ménage a trois” entre marido, mulher e iPhone começa a atrapalhar. No restaurante ele recebe um e-mail importante ou lê uma notícia relevante para os negócios. Nessas horas, adeus lazer. Na hora de dormir, o casal deitado na cama, a esposa lê um livro quando, de repente, o marido dá um grito de raiva. Assustada ela descobre que ele leu um e-mail ardiloso e ficou aborrecido. Adeus noite de sono tranqüila. Nessa fase, o carregador do iPhone passa a ser a coisa mais importante da vida do marido.

Fase 7: ele deixa as pessoas de lado pra ficar com o iPhone. Mesmo no barzinho, na frente da cerveja e dos amigos o brinquedo tem prioridade. Quando ele não está falando dele, está brincando com ele. Nessa fase, a esposa desesperada não consegue mais a atenção do marido. Como último recurso, utiliza o infalível método “Marilin” (Monroe) e dorme nua com duas gotas de Chanel número 5. E, mesmo assim, nada acontece. Provavelmente o marido nem viu. Seus olhos e pensamentos são do iPhone.

Conclusão: esse aparelhinho, aparentemente inofensivo, é mais poderoso que qualquer outro brinquedo masculino: carro, moto, Playstation, Xbox, Wii e similares. Ele possui funcionalidades revolucionárias, aparentemente desprezíveis, que, de alguma forma, mudou o uso dos celulares.

Sinto saudades do tempo onde as brigas eram por causa do futebol, da cerveja, dos amigos e das outras mulheres. E um conselho: pelo o bem da união do casal, adie o máximo de tempo possível a aquisição de um iPhone.

Assinado por minha esposa

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